Quadrinhos, ilustrações, tirinhas, textos.... enfim, arte. Um louco e suas loucuras.
Daniel Dias

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Análise: Holy Avenger - Edição Definitiva



Meu blog tem sido usado até agora basicamente para apresentar minhas ilustrações e projetos de quadrinhos. É a função principal dele mesmo, mas agora quero colocar mais textos também, falar mais de quadrinhos.

Baseado nesta resolução, vou fazer uma "coluna" de análise de quadrinhos que chegaram às bancas, ou livrarias brasileiras. Não pretendo aqui ficar comentado títulos de séries mensais, que pouco variam de um mês pro outro, e, variando ou não a qualidade, pra se ter a história completa você precisa ler o arco todo, ou todas as edições, dependendo do caso.

Sobre quais quadrinhos vou comentar aqui então? Edições especiais. Pelo preço acima da média dos quadrinhos encontrados em qualquer banca, e por, em geral, terem uma história ou arco de história fechado, faz mais sentido analisa-los em separado, e até servir de base para o "comprar ou não comprar".

Vale ressaltar que a intenção aqui não é ficar comentando detalhes da história , e sim da edição. Vou me ater mais a comentar se a história é bem escrita e não no que ocorre nela.

Inaugurando a "coluna", Holy Avenger - Edição Definitiva vol. 1.


Edição Definitiva, VR e Encadernada
Edição Definitiva, VR e Encadernada
 Holy Avenger nasceu das páginas da Dragão Brasil em 1998, revista especializada em RPG de vida longa e destaque aqui na Terra Brasilis. Criada por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan, e ilustrada por Érica Awano, Holy Avenger teve originalmente 40 edições, e posteriormente mais duas que se passavam depois do final da trama; além de seis edições especiais, todas em formato americano, predominantemente em preto e branco.

Me lembro das edições nas bancas, sempre muito comentadas nos eventos de animes e mangás, além da constante presença dos personagens em aventuras e materiais da Dragão Brasil. Cheguei a jogar RPG no ensino médio com os personagens da série. 

Minha edição encadernada autografada pela Érica Awano
Além das edições normais foram lançadas edições encadernadas [seis no total, abrangendo a saga toda]; uma republicação com o título de Holy Avenger VR, com retoques na arte, como a adição de retículas, que trazia dois capítulos por edição, mas não passou da edição número 9; e outra republicação com o título de Holy Avenger Reloaded [não tive contato com esta edição, mas acredito que a arte siga a utilizada na versão VR], que só chegou ao número 10; e, agora, sendo relançada novamente em edição encadernada, sob o título de Holy Avenger - Edição Difinitiva, que terá quatro edições.

Holy Avenger VR e Holy Avenger Edição Encadernada

Cassaro teve outras experiências com quadrinhos antes de Holy Avenger, algumas bem sucedidas, outras não, mas todas elas curtas. Foi seu desejo por escrever uma saga longa que deu origem a Holy Avenger. Em suas próprias palavras: 

"Depois de conhecer meu primeiro mangá, Outlanders, eu queria escrever uma história assim. Uma saga longa. Uma trama elaborada. Relacionamentos que se fortalecem. Personagens que ficam mais íntimos, mais queridos, quase família. Mortes sentidas como perdas reais. E um final, sim - pois o final é o momento mais poderoso de qualquer história."

O receio de um fracasso comercial pode ser sentido na frase "(...) E um final, (...)", o que é normal no mercado brasileiro em que, na maioria da vezes, um projeto começa, mas não consegue ser concluído. Mas Holy Avenger teve outra sorte.

Holy Avenger é, excetuando-se tudo que se refere a Maurício de Souza, o quadrinho nacional mais bem sucedido das últimas décadas [e por quadrinho nacional quero dizer feito por brasileiros e publicado por editoras brasileiras, não contando trabalhos feitos por brasileiros e publicados em editoras gringas para depois ser republicado por aqui]. Holy Avenger uniu o público já consolidado da Dragão Brasil com o nicho dos leitores de mangá que crescia no Brasil; um texto acessível, porém não pobre; e uma desenhista que certamente estavas entre as melhores escolhas possíveis do gênero [mangá] na época. A formula de sucesso foi simples, fazer um produto voltado para o público correto, com a linguagem correta para agradar este público e, talvez um fator determinante, no momento correto para o mercado.

Sobre o texto:

A trama se passa no mundo de Arton, um mundo de fantasia com elementos familiares a quem joga RPGs. O início da saga mostra Lisandra, uma jovem druida criada longe do mundo civilizado, que começa a ter sonhos com o Paladino, maior herói de Arton, que a incitam a recuperar os 20 rubis da virtude para lhe restituir a vida, caso contrário algo muito ruim acontecerá. Logo nas primeiras edições os demais personagens centrais são apresentados: Sandro, que tenta se tornar um grande ladrão como seu pai, apesar de medroso e não muito competente; Nieli, uma maga elfa com um cajado superpoderoso, porém desmiolada; e Tork, um homem-lagarto-anão, brigão e rabugento, que criou Lisandra.

Holy Avenger tem um texto de fácil leitura, adaptado aos contextos brasileiros, com gírias e referências regionais, agradável de se ler. Se a trama não é a mais cerebral e perturbadora que existe, Cassaro fez um ótimo trabalho, cumprindo seu propósito, e não sendo mais do mesmo, e nem o óbvio do óbvio

Não era a primeira experiência do Cassaro com produção de texto. Sua vasta experiência a frente de uma revista de RPG, além de seus quadrinhos anteriores, lhe dão as ferramentas para produzir um texto que não seja amador, nem caia em erros infantis. 

Pra quem é fã do gênero, leitura mais que recomendada.

Sobre a arte:

Gosto bastante da arte da Awano. Arte limpa, sóbria, que não tentar ir além de suas limitações, e sabe lidar bem com as situações necessárias. 

Awano não tem uma arte realista, ou cheia de detalhes, sua arte se beneficia de aproveitar a simplicidade e suavidade dos traços e composições, evitando cometer erros.

Pra mim, uma ótima escolha para a arte da série.

Nas primeiras edições a arte ainda está bem abaixo do que podemos esperar  se comparado ao que ela fez depois, e um pouco carregada, mas ao passar das edições, Awano evolui seu estilo e traz uma arte limpa e agradável, com belas composições de páginas.

O que me incomoda nesta edição é que usaram a arte da versão VR e não as originais. Não sou a favor de retoques na arte para relançamento de quadrinhos. Isso é enxertar um elemento que não foi planejado para estar ali, depois da arte pronta, em geral, estragando a harmonia da arte original. Foram adicionadas retículas às páginas [aqueles efeitos com tons de cinza, ou elementos gráficos como hachuras e pontos, presente nos mangás], desnecessários ao meu ver, e, pior, em muitos casos, de forma exagerada. A arte da Awano é limpa e simples, estilizada, sem excessos, e, no entanto, foi aplicado em muitos casos um excesso de retículas deixando as páginas predominantemente cinzas.

com e sem retículas

Além das retículas, que achei uma decisão desacertada, as páginas coloridas estão em preto e branco. Numa edição definitiva isso é uma falta grave!! Gravíssima!! Será que ninguém lembrou disso?

onde estão as cores?

Acabamento:

A edição é bem encadernada, em capa dura e papel branco bom. Muito bem feita, só pecando pela falta das páginas coloridas, e fica muito bem em uma estante com mais quadrinhos de capa dura.



A edição é composta pelas dez primeiras edições de Holy Avenger e traz um material extra no final, "A Arte de Holy Avenger"

O preço e onde comprar:

R$54,90 - 240 páginas - editora Jambô.



Finalmente, é uma edição bacana, que vale a pena pros fãs, e pra quem gosta de mangás descontraídos ou histórias de fantasia. O preço é um pouco salgado, mas não foge muito aos preços de edições similares. E vale a pena sempre contribuir com os quadrinhos nacionais, principalmente os bons...

Espero fazer com frequência esta coluna, melhorando nas análises, e sempre próximo do lançamento das edições especiais.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

De volta a ativa...

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Depois das provas de final de semestre e das festas de fim de ano, hora de voltar ao batente!

Acabei furando o prazo de produção do meu fanzine, que deveria ter ficado pronto em dezembro, mas foi uma época complicada. Agora em janeiro sai.

Pra começar o ano, um desenho que surgiu de um comentário de um amigo. Num dos comentários de um desenho [ este desenho ], um amigo me perguntou no Facebook se era a Eva. Não era, ms me deu uma ideia para uma ilustração. Temos aqui então uma versão alternativa para a famosa cena do Gênesis entre Eva e a serpente...