Quadrinhos, ilustrações, tirinhas, textos.... enfim, arte. Um louco e suas loucuras.
Daniel Dias

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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Enfim!

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Demorou!

Foi no começo do ano que eu comecei a trabalhar nesta ilustração.

Desde o esboço até a arte final, foram várias mudanças. Dos primeiros traços até o resultado final, pouca coisa se manteve.

A pose mudou.

Os cabelos mudaram várias vezes.

O design dos acessórios mudaram ainda mais.

Depois de tanta mudança, pouco antes de terminar o desenho, ainda sem as cores, um trágico descuido quase fez com que a ilustração sumisse sem nunca ganhar o mundo. Uma queda de energia corrompeu o arquivo, e, graça a minha burrice em não fazer backuptudo se perdeu. A ilustração foi refeita em cima de um esboço que eu tinha postado, e, com certo esforço, consegui refaze-la.

Depois de resgatada a ilustração, me afastei dela por alguns dias antes de começar a colori-la.

O trabalho seria duro.

Foram várias semanas trabalhando na pintura nos poucos momentos vagos que eu conseguia encontrar.

Depois de indas e vindas, finalmente, terminada e colorida, aqui a temos.

No fim, acho que valeu o esforço.


domingo, 27 de outubro de 2013

Fim de ano...

O ano chega a sua reta final. restam praticamente apenas dois meses.

Muitas das coisas que programei para fazer este ano não consegui concluir. O pouco tempo que resta até o final do ano será bem corrido.

Hora de traçar metas realistas até o final do ano!


Sem exagerar e sem pegar leve demais, minha programação para este restinho de ano:

- terminar meu fanzine, que já atrasou bastante;

- colorir o desenho da Mulher Maravilha;

- fazer as duas artes que me pediram [uma delas a do Chapolin Mau para o Hélio];

- fazer duas HQs que estão na fila faz meses, uma tirinha e uma curta.


Vamos ver se dou conta!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Não matarás!


A segunda temporada de Arrow começou, e pra ser sincero, fiquei mais triste que feliz ao final do primeiro episódio.


Quando se fala em comics a primeira coisa que se vem à mente são super-heróis. A maioria dos títulos mais famosos são de superseres usando fantasias. É compreensível que neste meio reine uma visão maniqueísta, ou, pelo menos, uma moral inabalável por parte das personagens. Não queremos ver o poder concentrado. Não queremos ver alguém superpoderoso sendo juiz, juri e executor. É poder demais nas mãos de alguém. Se este alguém não tiver uma moral inabalável, o que esperar? Teríamos ditadores, tiranos. Seríamos vermes nas mãos de deuses. Que pelo menos estes deuses sejam bondosos e misericordiosos, infalíveis, em quem possamos confiar.

Eu entendo, baseado neste contexto, que nos quadrinhos o Arqueiro Verde consiga, independente da situação, não cruzar a rígida linha moral que seus status de herói exige. Além do mais, o universo dos quadrinhos já é fantasioso o suficiente para que tais imposições não pareçam impossíveis. E eles não pretendem ser realistas. Este é um universo em que o leitor sabe de antemão o que esperar. Sabe que haverá excessos. Sabe que muitas vezes a complexidade da vida pode ser reduzida a situações simplistas. E sabe que não está sendo enganado. A proposta é essa mesmo.

Por isso, minha primeira reação ao anúncio da série Arrow foi de ceticismo. Um cara soltando flechas com luvas de boxe verde na ponta, enquanto pula entre prédios, não dá pra ser levado a sério numa série de TV. Pelo menos não garantiria um investimento alto por parte da Warner.

Mas dei o benefício da dúvida.

Quando assisti o primeiro episódio da primeira temporada, foi uma grande surpresa. Vários easter-eggs, uso de boas referências dos quadrinhos, e uma abordagem muito boa da personagem. Tem um gostinho de Batman a série [o que reforça o boato de que a ideia original seria fazer uma série do Morcego, o que a Warner vetou]. E o melhor momento, aquele que me fez ter fé na série, quando Oliver mata um dos capangas.

Sim! Aquilo foi uma prova de que coisas boas estavam por vir. Por quê? Por que adoro carnificina? Não. Porque faz sentido. É consistente com a desenvolvimento da história, com o desenvolvimento da personagem. Como esperar que, não importe o quão absurda a situação esteja, um cara carregado até os dentes de armamento letal nunca vá matar ninguém?

Oliver vageava na gama cinza do espectro moral, que não era mais preto ou branco.

E tinha de ser assim. A construção da personagem e das situações exigia isso. Ações e suas consequências. Decisões por vezes difíceis e amargas.

Mas o primeiro episódio da segunda temporada veio jogar um balde de água fria nessa mecânica.

A série fez sucesso. E o sucesso também traz coisas ruins.

A Warner, se aproveitando do sucesso da série, certamente está armando as condições necessárias para expandir o universo "Arrow" para um "Universo DC" de séries.

Mas para isso não pode haver mortes.

É aceitável que Oliver mate em certas situações, mas como seria a convivência em um mesmo universo de um encapuzado "assassino" como um Superman? Não há possibilidade de tal parceria.

Então, se o Superman pode "aprender que é errado matar depois de ter tirado a vida do Zod", por que não apresentar a redenção de nosso arqueiro?

Bom, é cedo para atirar pedras ou tirar conclusões. Vamos acompanhar o que vem pela frente na série.


P.S.: Claro que não poderia dar certo a relação entre Oliver e Dinah, a série exige complicações para se arrastar mais. E, claro, é necessário uma tensão sexual para agradar os telespectadores [estou falando de você Felicity].

domingo, 13 de outubro de 2013

Aprendendo...

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Esta ilustração tem uma história particular. Foi a primeira ilustração que eu fiz inteiramente digital. Foi uma experiência de aprendizagem. 

No começo do ano eu comprei uma mesa digitalizadora para me aventurar no mundo digital. Era um equipamento ruim, muito ruim, que eu paguei um preço de banana.

Sofri bastante. A falta de experiência aliada ao equipamento ruim me fez sofrer demais.

Cometi vários erros. Não conhecia os melhores ajustes para as ferramentas. Não sabia de alguns truques simples que poderiam facilitar muito a minha vida.

Levei meses para concluir a lineart.

Acordava mais cedo e ficava trabalhando na ilustração, quase sem conseguir abrir os olhos de sono, antes de ir para o trampo. E não tomei as melhores decisões em muitos casos.

Não é uma ilustração perfeita. Eu mudaria muitas coisas nela. Mas pelas condições em que foi realizada, eu considero uma enorme vitória. Pelas minhas limitações, o resultado foi até bastante positivo.

Experiência no desenho, esta ilustração também começou a servir de base para meus testes com pintura, mas acabei a deixando de lado incompleta.

Depois disso comprei um equipamento melhor, e já melhorei, mesmo que só um pouco.

Vendo esta ilustração lá parada e incompleta, achei que deveria terminá-la. Afinal, ela merece.

Não me preocupei em corrigir os defeitos antigos. Fazem parte da história da ilustração.

E segue a aprendizagem...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Passo a passo...

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Um pouco de sofrimento para terminar a pintura, mas está aí, concluído!

Tenho um objetivo especial para esta ilustração. Aguarde...


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pra não deixar a peteca cair...

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A semana não tem sido boa, mas pelo menos deu pra aproveitar os poucos momentos livres para desenhar.

Tenho um uso futuro para esta ilustração. Aguardem...


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Correria

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O que acontece quando se trabalha em vários projetos ao mesmo tempo?

Isso mesmo. Acaba não fazendo nenhum...

Tenho tantos roteiros escritos e ilustrações rascunhadas, mas acabei não concluindo nenhum.

Quando se acaba uma criação, a sensação de dever cumprido é muito boa, mas logo vem a cobrança de produzir algo novo.

Preocupado com isso, acabei pensando nessa tirinha enquanto voltada do trampo pra casa. 

Estava cansado, irritado, cheio de coisas na cabeça. E eis que brotou a ideia. 

Desenhei bem rápido. Só as canetas que não ajudaram [estão no finzinho]. Preciso de outras.

E segue a correria para a próxima criação...


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

"Faça como a fênix: renasça das cinzas"

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Final de semana passado, um trágico acidente quase vitimou meu trabalho com esta ilustração.

Moro em um cidadezinha do interior, e a energia elétrica aqui cai ao menor sinal de uma nuvenzinha no céu. Não é mais surpresa a energia ter quedas repentinas. E, no último final de semana, não foi diferente. Ventou um pouco, queda de energia!

A diferença é que eu estava trabalhando nesta ilustração. Dei uma pausa para fazer um lanchinho com minha mulher, salvei, mas deixei o arquivo aberto no Photoshop.

Ai começa uma mistura de de burrice com minha total falta de sorte.

A energia não só caiu, como ficou oscilando por vários minutos.

Quando liguei o PC novamente, tudo parecia normal, mas quando fui abrir o arquivo para continua trabalhando na ilustração, para minha surpresa, apena aparecia um borrão vermelho sobre um fundo preto.

Desespero total!

Há meses estou trabalhando nesta ilustração. Mudei muitas coisas várias vezes. Fiz vários testes. Justo quando tinha encontrado a composição que considerava a mais acertada, perco tudo?

Pensei em restaurar o sistema para uma data anterior, mas o Windows me deixou na mão. Tentei baixar vários programas para restaurar o arquivo, e nada...

... era minha falta de sorte atacando novamente!

Backup? Só um muito antigo...

... foi minha burrice, confiar que nada aconteceria.


Por fim, juntar os cacos e recomeçar.

O prejuízo só não foi total, porque estava postando estágios do progresso com a ilustração, o que acabou me deixando uns arquivos JPG, com uma resolução podre, para trabalhar em cima.

Deu trabalho, mas a ideia se salvou. Apenas alguns detalhes se perderam, principalmente no rosto, por culpa da baixa resolução do arquivo que eu estava usando de base. E há detalhes que só saem perfeitos uma vez. Perdeu a chance, já era...


Fica a lição: fazer backups constantes.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A passos lentos...

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Mais um pequeno avanço.

Até o final de semana acho que termino o desenho. Depois mais uma batalha pra pintar!





quarta-feira, 31 de julho de 2013

Rascunhos...

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Ando tendo dificuldades para me dedicar aos desenhos, mas não quero deixar de colocar atualizações constantes.

Para tanto, vou tentar atualizar constantemente, mesmo que seja com algum rascunho, ou um desenho rápido.

Fica aí um rascunho de Mulher Maravilha que está custando a ficar pronto...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Crepax: dois lados da moeda


Capa da nova versão pela L&PM

[Este texto era pra ter sido publicado já há algum tempo, o que acabou não ocorrendo por circunstâncias diversas...]


Quando L&PM anunciou que republicaria obras do Crepax, obras que a mesma tinha publicado entre os anos 80 e 90, confesso que fiquei muito animado!

Gosto muito da arte do Crepax. Um preto e branco suave, mas rico em detalhes. Imagens provocantes, sensuais, mas no lugar certo. Quando precisa usar a suavidade, a melancolia a favor da história, usa artifícios muitas vezes esquecidos pelos artistas hoje. E, uma marca que, pra mim, o destaca muito dos demais artistas que se aventuraram pelo estilo erótico, o seu entusiasmo, seu abuso da moda. Serpieri adora uma mulher com salto; abusa de desenhar mulheres em lingerie ou vestidinhos. Crepax não. Crepax retrata a moda européia de sua época, retrata a moda italiana. Não se contenta com o básico. Crepax desenha mulheres usando roupas extravagantes, roupas simples, casuais, fashion, chapéus, jóias, roupa alguma, etc... suas mulheres são diversificadas e femininas, o que destaca mais ainda o erotismo de seu trabalho. de muitas formas, Crepax foi um artista à frente de seu tempo.


"O"

Fiquei muito contente com o anúncio da L&PM porque é difícil encontrar os trabalhos do Crepax. Mesmo importando [consegui alguns volumes de Valentina da Espanha], e é sempre bom poder ler quadrinhos em nossa língua materna. Mais feliz ainda estava porque A História de "O" era um trabalho que eu estava perseguindo e não conseguia achar nem importado.

A História de “O” é uma adaptação baseada no livro homônimo de Pauline Réage, que não li, diga-se de passagem. "O" é a personagem principal (seu real nome não é citado). É uma história de BDSM (vai lá, dá uma procuradinha no google), sem moral da história nenhuma. "O" é introduzida num círculo de BDSM por seu amante René, e acompanhamos sua jornada neste novo mundo.

René, mudando os rumos da vida de "O"

Como não li o livro original, não posso atestar a fidelidade da adaptação. Mas, baseado pela adaptação de Justine que Crepax fez, acredito que A História de "O" do Crepax capta bem a essência do livro que o inspirou.

O desenho, que pode não agradar aos leitores mais recentes, é muito a frente de seu tempo. Com recursos (que a maioria dos autores negligencia) que dão a sensação de movimento ao leitor, ou que transmitem a clima da cena, é uma quadrinização de primeira.

Crepax, apesar de abusar do erotismo, não faz desenhos explícitos de sexo. Aparecem genitálias masculinas, mulheres nuas, mas as cenas de sexo seguem o antigo estilo dos filmes do Cine Privê (se você é novo demais pra saber o que é isso, Crepax faz quadrinhos estilo Manara, só que mais light em relação às cenes penetração).

Tudo lindo e maravilhoso! Finalmente voltamos a ter quadrinhos do Crepax no mercado brasileiro!

BDSM, é disso que estamos falando!

Bom, nem tudo são flores...


Oficialmente, A História de "O" saiu dia 15 de maio. Costumo acompanhar os lançamentos de quadrinhos pelo site da Comix, onde costuma aparecer primeiro quando alguma coisa é lança. Outro site que costumo consultar é o da LigaHQ. Como não tinha uma data definida antes do lançamento, estava acompanhando por estes dois sites, e nada de aparecer. Lá pelo dia 18 de maio, um amigo me perguntou pelo Facebook se eu já tinha comprado "A História de O". A Saraiva estava listando já o quadrinho como lançado, porém sem estoque. Fui lá, e comprei.

Quando se compra algum produto que não consta em estoque na Saraiva, eles avisam que vão "tentar conseguir com o fornecedor". Quando é algo fora de catálogo, é bom já sair fora, porque, logicamente, eles não vão conseguir encontrar, mas por se tratar de um produto recém lançado, não dei importância. Passados mais de uma semana, a Saraiva cancelou a compra por não ter encontrado o produto disponível no fornecedor.

Estranho.

Para um quadrinho recém lançado, ou a tiragem tinha sido muito pequena, ou alguma coisa estava errada.

Resolvi entrar no site da L&PM. Busquei pelo produto. Apesar de o site ter um layout que nos leva a crer que é uma loja virtual, o botão de "comprar" só serve para indicar as lojas onde o produto está à venda.

Entrei em uma por uma das lojas listadas, tentando encontrar onde comprar A História de "O", porém, ou constava esgotado, ou nem constava o produto na loja.

Resolvi entrar em contato com a L&PM, questionando o caso.

Só no dia 3 de junho, a L&PM me respondeu o e-mail. Apesar de estarem com o livro desde o dia 15 de maio, eles ainda não tinham distribuído para as lojas. A Saraiva, por exemplo, recebeu o produto só no dia 31 de maio. Na Comix, consta que o produto chegou ao estoque somente em 05 de julho...

OK, pequeno problema de logística. Bora comprar!


Com o volume em mãos... 

Vou ser sincero, não gosto da L&PM. Tenho um ou outro livro deles, puramente por falta de opção. Em geral os livros deles são caros (pela qualidade), e de baixa qualidade. Com A História de "O" não foi diferente.

A começar pelo tamanho. Lançaram num "quase formato americano" (16x23), quando normalmente se publica as obras do Crepax (e provavelmente a publicação original foi assim) em formato álbum (21x27,5). Isso não chega a ser um grande defeito, mas fica evidente que o autor não fez a arte pensando neste formato. Temos a nítida impressão de que a arte ficou espremida.


volume espanhol de Valentina em comparação com a nova edição de "O" da L&PM

A capa, mole, tem até um design limpo que eu achei interessante, mas, ao invés de buscar uma ilustração maior, pegaram um pedaço de um quadrinho. Como era uma imagem pequena que esticaram, o desenho da capa é todo serrilhado. Uma bela cagada!


L&PM inovando com seu formato "quase americano"

As páginas... que coisa mal feita! Parece xérox! Com falha nas áreas pretas e borrões. Meus fanzines tinham um tratamento melhor de imagem que este livro. Como um trabalho assim passa batido! Fora que há pelo menos uma página, a 178, que parece que estava danificada e passaram fita adesiva antes de copiar. Será que a L&PM simplesmente pegou as páginas que tinha usado na década de 80 e usou de novo?

a famigerada página 178 e suas fitas adesivas




E a diagramação não está boa, não...


Por fim, um péssimo trabalho da L&PM. Infelizmente, quem quiser acompanhar a obra do Crepax está refém da péssima qualidade do trabalho da L&PM.


Pelo trabalho do Crepax, pr'aqueles que gostam de quadrinhos eróticos no estilo que o Manara costuma fazer, recomendo a compra deste volume.


Ficha técnica:

A História de "O"
Guido Crepax

Capa mole
184 páginas
Publicado pela L&PM
R$38,00


Onde comprar:



Segue um videozinho de uma mostra dos trabalhos do Crepax:



quinta-feira, 27 de junho de 2013

Mágica


[ não ia postar isso aqui, já que não tem nada a ver com a proposta do blog, mas... ]

Querem que eu acredite que o país acordou, que as pessoas mudaram, que agora será tudo diferente.

Mas é possível criar consciência política da noite para o dia?

Não!


Pessoas nas ruas, muito barulho, reivindicações. Não teria o Brasil acordado?

Não, não é isso que estou vendo.


Está na moda fazer manifestação, mas e o conteúdo?

Quando a onda de manifestos começou, por conta do aumento da tarifa do transporte coletivo, tínhamos uma mobilização com objetivo claro e factível. O problema era o preço, a solução era não aumentar o preço. Simples, os protestos mantinham sua função de negociação.

O problema começou quando, achando que não era nobre o suficiente a luta pelos "R$0,20", quiseram alegar que tudo isso é por motivos maiores. Educação, saúde, segurança, etc.

Muito bem. O Brasil tem muitos problemas. Muitos deles maiores e mais importantes que o preço das tarifas do transporte coletivo. E você pode me perguntar "então, isso não mostra que o Brasil acordou?". E eu respondo novamente: não.

Como dizer que o Brasil acordou se as pessoas, como fica evidente pelos protestos, não sabem o que são, pra que servem, e o que podem fazer o Executivo, o Legislativo e o Judiciário?

Querem tudo, e querem agora. Mas como fazer? Não sabem. A mobilização perdeu o sentido de negociação, uma vez que não propõem nada, e, como suas reinvindicações são vagas, não tem como receber o querem, porque nem sabem ao certo o que querem.

Protestar contra a corrupção? Ótimo. Mas quais foram as propostas dos manifestantes? Vão ficar manifestando até a corrupção sumir? Então vai ter protesto "ad infinitum". Pior, a grande maioria que protesta vai voltar pra casa e continuar sonegando impostos, procurando jeitinhos de levar vantagem e passar a perna nos outros. Por que ao invés de usar um discurso vago de corrupção, os manifestantes não cobram medidas que aumentem a transparência dos gatos públicos? A severa punição dos criminosos? A efetiva fiscalização? A perda do mandato e punição dos condenados do mensalão? Etc.

Cobrar educação? Maravilhoso! Mas o que foi proposto? Se os protestos são só por aumento dos investimentos, então é bobagem, porque os investimentos em educação no país aumentaram, isso é fato. Por que os manifestantes não questionam, por exemplo, os índices oficiais, como o IDEB, IDESP, e afins? Por que não questiona a composição destes índices, que já usam dados viciados? Por que não pedem por maiores salários para os professores? Formação continuada? Menor jornada de trabalho para os profissionais da educação? Melhores condições? Não, vemos só o mesmo discurso vazio de educação de qualidade, sem que nenhuma proposta sobre como gerar esta qualidade seja feita. O mesmo vale para saúde e segurança. É "queremos", mas nunca algo específico.

Não vou entrar no mérito de político X ou Y, mas fica evidente que o povo que "quer mudar o país" nem aprendeu o que significa e é de responsabilidade de cada um dos poderes. Não sabem o que um presidente, governador ou prefeito faz. Cadê críticas aos deputados? Tomaram o Congresso, mas não exigiram a renuncia do Renan enquanto estavam lá, nem a renúncia do Feliciano, por exemplo? Lembraram da PEC37 depois (será que sabem o que ela diz, ou estão repetindo maquinalmente um discurso?), mas reclamar de decisões com base na religião afetando o andar do Estado, que deveria ser laico? Estatuto do nascituro? Reforma política? Etc.

Impeachment? Fora governadores e prefeitos? Com 81 senadores e 513 deputados federais, e quantos deles tem os nomes em cartazes de manifestantes? Reflexo do desconhecimento do Legislativo, o brasileiro não sabe como funcionam as coisas e colocam a culpa no que tem maior visibilidade, o Executivo. E começa a caça às bruxas! 

E sobre a Copa. Virou bode expiatório agora. Claro que qualquer um tem todo o direito de protestar. Acho válido. Só me pergunto por que não reclamaram antes da liberação do uso de dinheiro público nas obras? Por que não reclamam com os clubes, cheios de dívidas (dívidas com o Governo Federal, dívidas trabalhistas, etc.), que receberam grana do(s) Governo(s) para fazer/reformar estádios (sendo que poucos fecharam as contas no azul, e parte ainda só conseguiu isso por balanços que contam com adiantamentos do Governo para a Copa)? Por que não boicotam a Copa e deixam os estádios vazios? Não vi nenhum jogo com estádio vazio. Não vi as pessoas darem as costas para os jogos da Seleção...


Manifestos sem propostas, sem objetivos concretos, ou sequer factíveis (uma vez que "acabar com a corrupção" não vai ser de hoje para amanhã, nem será sentido desta forma pela população, mesmo que se acabe de um dia para o outro), com muitas demandas dispersas, com pessoas fazendo número, com vândalos se aproveitando da situação, sem que haja uma contra-parte que o Governo possa dar (já que não há nenhuma proposta efetiva sendo cobrada), o que podemos esperar?

Se as manifestações perderem força, agora que a tarifa dos transporte coletivos baixou, o que fica é a marca de que o que levou as pessoas às ruas foram "os 20 centavos", e bastou baixa-los para o "clamor por motivos nobres" se esfrie. Lição para o Governo, tire alguns centavos de pagamento direto (uma vez que será cobrado indiretamente mesmo) que o povo se satisfaz. E, depois de tudo, os problemas estão lá ainda. Como disse um amigo, vamos curtir uma "ressaca" sem nem ter bebido...

Se as manifestações continuarem, e continuarem sem foco, sem propostas, sem alternativas e soluções, com incidentes violentos (que até a Globo já está achando um mal necessário), podemos cair em terreno perigoso. Já florescem simpatizantes de teorias fascistas, ultranacionalismo, tomada dos militares. O futuro disso é, ou o Governo acabará usando de força, se valendo da desculpa dos vandalismos; ou o Governo pode ser tomado à força, com algum militar de carisma e/ou liderança dando um golpe (alguém já viu está história antes?), enquanto o povo anseia por um herói.

Se as manifestações continuarem, mas com foco, propostas objetivas e factíveis, uma negociação direta com os governantes... Espere, aí é devaneio já. Pelo que o povo apresentou, não há base suficiente para colocar essas manifestações nos trilhos.

De qualquer forma, vejo mais resultados negativos que positivos, com as pessoas achando que mudaram o país e saíram vencedoras, enquanto os problemas continuam lá. Enquanto saboreiam sua vitória vazia, temos eleições ano que vem, e vamos ver quantos deputados se reelegem...


Quer fazer diferença? Estude. Se informe. Aprenda como as coisas funcionam. Foque no que está sendo feito errado, critique e proponha uma solução àquilo... e não tudo de uma vez, com cada voz gritando para um lado diferente.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Músicas

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A ideia original para este quadrinho veio num dia enquanto ouvia a música "Pure" da banda Xandria.

A ideia era mostrar alguém que perdeu um grande amor, usando os versos da música: "Soft, so soft / like the kiss of a ghost". Mas isso tinha um inconveniente. Além de estar em inglês, os versos não traduziam exatamente a ideia que eu queria passar, precisando a pessoa ter conhecimento da letra toda da música, e ainda interpretar em conjunto com os desenhos.

Abandonei esta ideia.

Mas logo achei outra. Enquanto ouvia a música "As Coisas Mudam" do Visão de Rua, resolvi trocar os versos daquela pelo refrão desta. 

Gosto muito desta música. Provavelmente a música que eu mais goste da Dina Di, que é, na minha opinião, a mais importante, esquecida e injustiçada representante feminina do rap brasileiro.

A rapper morreu em 2010, vítima de infecção hospitalar enquanto dava a luz à sua filha. Fica a homenagem.


domingo, 12 de maio de 2013

Mariposas e fogo...

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Uma das ideias que estavam há muito na minha "gaveta de ideias", mas que nunca tinha ido para papel.

Enquanto voltava da faculdade de bobeira um dia desses, estava pensando sobre como as pessoas tomam atitudes sem pensar, e acabei fazendo uma comparação com mariposas atraídas pela luz de uma fogueira, que acabam morrendo. O texto original não é este. O original era mais curto, e bem mais impactante. Infelizmente nunca passei a ideia para o papel, e como faz muito tempo, esqueci qual era o texto, só lembrando da ideia geral.

Aliás, este é um hábito que tenho de mudar. Quero começar a colocar minhas ideias em prática, ao invés de ficar esperando a ideia perfeita...

terça-feira, 7 de maio de 2013

Brincando de colorir...

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Fazia tempo que não atualizava o blog. Muito tempo, pro meu gosto.

Infelizmente passei um tempo sem internet [obrigado, VIVO!], além de vários problemas pessoais que me afastaram do que eu tanto gosto: desenhar!

Tempos difíceis, mas quero me esforçar ao máximo para conseguir postar um quadrinho, ou uma ilustração por semana, pelo menos. esta será minha meta pessoal.

Além disso, quero mudar alguns de meus hábitos. Deixar de jogar ideias fora, ou ficar tentando melhorá-las tanto, que acabam nunca ganhando vida fora da minha cabeça. Colocar tudo no papel, quero que seja assim daqui pra frente. 

Pra começar, uma brincadeirinha teste com o Photoshop. Uma versão SD da Mulher-Maravilha, só pra treinar pintura.



terça-feira, 9 de abril de 2013

Cabeça de Parafuso: como é bom ter grana e fama...

O Incrível Cabeça de Parafuso

Ontem li minha recém comprada edição de "O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos" do Mike Mignola.

Gosto muito do Mignola. Acho sua arte simplesmente fantástica! Simples, mas fantástica.

Sua habilidade em usar sombras e sua obsessão por steampunk [ambientação vitoriana e tecnologia avançada com equipamentos arcáicos] me fascinam!  Um traço único, com uma arte belíssima.

Ele é um dos artistas que eu invejo a arte, que eu gostaria de desenhar igual. Um dos poucos. Pouquíssimos.

Suas histórias não tão pesadas, curiosamente, me agradam. Apesar de minha predileção por temas mais obscuros, mais exagerados, sempre me agradam as histórias do Mignola. Por isso, apesar do preço alto desta edição encadernada lançada pela Nemo, gastei meus trocados com gosto.

Qual o propósito deste texto, então?

Simples. Uma constatação triste de como o mundo é.

Não é surpresa pra ninguém que o dinheiro dita as regras no nosso mundo. E não seria diferente no mercado do entretenimento. Quadrinhos são uma forma de arte? Sim. Mas também são um ramo comercial. Esqueça as fantasias.

Enfrentemos os fatos. Ser bom não basta. Ser bom nem sequer é necessário. Se tem alguém que possa vender sua ideia, pronto. O resto é resto.

Quantas ideias geniais não morreram dentro da cabeça de inúmeros anônimos? E quantas ideias, pra não ser duro demais, banais e corriqueiras não são vendidas como revolucionárias?

É triste, mas é a realidade.

E esta edição especial traz uma história que ilustra bem o fato, de que, vale mais alguém que tenha poder de por sua obra no mercado que ter uma obra que de fato se sobressaia do mar de mesmice que é o mainstream.


Cobrinha ganhadora do Eisner...

A história de que estou falando é a terceira do encadernado. "O Mágico e a Cobra". A história é de Katie Mignola, filha de sete anos [quando da criação da história] do Mike

Sejamos francos, esta história jamais seria publicada se não fosse o fato da menina ser filha do Mignola. Aliás, a história jamais teria saído dos devaneios de uma menina que estava na escola fazendo um desenho e imaginando uma história pra ele.

Por que esta história veio ao mundo dos quadrinhos mainstream? Mignola, solicitado para criar uma história para compor uma antologia, uma história que não fosse do Hellboy, sem ideias, ouviu sua filha contar na volta da escola a história de um desenho que tinha feito. Pronto.

OK, a história não é ruim. Também não oferece nada. Simples, previsível, comum. O que podemos destacar é que, talvez, a maioria das crianças nesta idade não façam história com começo, meio e fim. Mas a garota também é filha de um escritor de histórias, que certamente contava muitas histórias pra ela. Ou seja, seu feito não é nada especial.

Mignola desenhou a história. Ser publicada ou não dependeria da aprovação da editora da coletânea. Claro que seria, não? Algo desenhado pelo Mignola, só seu nome já garantiria mais vendas para a coletânea.

Nem esse é o ponto mais grave. A história é, no mínimo, não feliz. A coletânea em que ela foi publicada chama-se Happy Endings [Finais Felizes]. Irônico, não? Não bastasse isso, a história ganhou o Eisner [sim, aquela frase batida, "o Oscar das histórias em quadrinhos"] de Melhor História Curta!

Sério, qual a chance disso acontecer se ela não fosse filha de quem é? E, sinceramente, será que não houve nenhuma história curta melhor naquele ano, mesmo que entre os menos favorecidos pelo mercado?


terça-feira, 26 de março de 2013

De volta aos anos 80

Orquídea Negra e Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo




Há mais ou menos um mês (um mês bastante conturbado na minha vida, o que fez com que este texto demorasse tanto pra sair) a Panini relançou duas obras do final dos anos 80. Orquídea Negra e Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo.

Ambas as obras publicadas pela DC Comics no final dos anos 80. Ambas escritas por escritores do Reino Unido. Ambas com arte de Dave McKean. Ambas com quase o mesmo número de páginas. Ambas pela primeira vez no Brasil em versão de luxo...

... Mas param por aí as coincidências. A Panini mais uma vez apronta das suas!


Capa das edições



Orquídea Negra


Orquídea Negra é uma das primeiras colaborações da dupla Gaiman/McKean, e obra de entrada de Gaiman na DC Comics, o que lhe garantiu depois a produção de Sandman, possivelmente sua melhor e mais famosa obra. A graphic novel foi originalmente publicada em três partes, e compilada algumas vezes. Agora em “Edição Definitiva”.


veja como vai ficar a lombada desta edição na sua estante


Orquídea Negra é uma personagem obscura do Universo DC. Não aparece em mais que alguns pares de edições, e não é lembrada pela maioria dos leitores. Foi o que Gaiman conseguiu para seu primeiro trabalho na DC. As personagens mais centrais ou potenciais do Universo DC ou já estavam em algum projeto com algum outro artista, ou a DC não queria confiar a um ilustre desconhecido (OK, não tão desconhecido, mas ainda uma incógnita para o mercado estadunidense).

Nasce então a oportunidade de Gaiman.

Orquídea Negra é uma personagem meio planta, com uma vasta variedade de superpoderes. Sua origem é recontada nesta graphic novel, e Gaiman dá um clima bem característico à trama.

Esta graphic novel tem aquele clima que marcou o início do selo Vertigo. Ler esta história traz aquela sensação de ler outras obras de sua época, como Sandman, por exemplo. É o tipo de obra, que consolidou o selo Vertigo, que infelizmente não se encontra facilmente hoje em dia.


Veja com é por dentro. Sentiu saudades da antiga Vertigo?

A trama abusa em desconstruir clichês. Certamente, ao ler pela primeira vez esta história, o leitor é surpreendido. No texto da introdução é citado que os leitores da época da publicação original da graphic novel acharam que a edição final não fosse a edição final, pela forma atípica da história.

Logo nas primeiras páginas, a Orquídea Negra original morre.  Seu captor e executor não hesita em lhe trazer uma morte certa, e lhe confessa, “Eu leio quadrinhos”.

A partir daí temos uma história que mostra a origem da Orquídea Negra, e suas sucessoras, em busca de compreender o que são e entender seu papel no mundo. No decorrer da trama, além de criminosos querendo eliminar vestígios de qualquer coisa que possa atrapalhar seus planos, ainda encontramos pessoas importantes do passado da Orquídea Negra original, pessoas queridas e relacionamentos complicados, numa trama que culmina em um final inesperado.

Há uma boa dose de violência, como os quadrinhos do gênero têm, mas que vai diminuindo ao passar da história. Uma espécie de contra clímax

É um conto intimista, melancólico, bem ao estilo Gaiman


bela arte de McKean

A arte de McKean também foge ao comum. O artista usa um estilo realista de retratar as personagens, mas não com um estilo preso. Apesar do realismo das figuras humanas, a páginas são concebidas de maneira marcante, com um estilo próprio, enfocando detalhes ou extrapolando a realidade, transmitindo a história não só de forma sequencial, mas de forma sensorial também. 




A edição da Panini traz, além da graphic novel completa, alguns extras, como cartas entre Gaiman e a editora da graphic, Karen Berger, esboços e algumas partes de versões preliminares do roteiro. A edição é bem feita, capa dura e papel especial nas páginas. E não é cara.




Para leitores que gostam de trabalhos do Gaiman e tem a mente aberta para obras que vão além do que os quadrinhos mainstream têm a oferecer, é leitura recomendada. Para quem não é tão aberto a experiências diferentes, fique longe.

Dados técnicos:

Orquídea Negra – Edição Definitiva
Capa dura
180 páginas
R$24,90
Panini


Onde comprar:

Saraiva



Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo

Asilo Arkham (chamarei a graphic novel assim para encurtar o texto, já que o nome é longo) é uma produção fantástica do carequinha escocês. Publicada originalmente em 1989, a história é sombria e violenta, explorando a mente das personagens. Curioso como no final dos anos 80 tantas obras são tão radicalmente contra o que era publicado nas revistas mensais de super-heróis.


verso das edições

A premissa da história não diferente de muitas que um leitor de Batman já tenha lido. Há uma rebelião no Arkham, e os internos exigem a presença do Morcego, caso contrário, azar dos reféns. Para salvar os reféns das mãos do Coringa, Batman aceita entrar no Arkham tomado por seus internos, onde é colocado em um jogo de esconde-esconde, em que ele tem que sobreviver.

A grande diferença é que Asilo Arkham não é uma história do Batman

Surpreso? 


lombada da edição Asilo Arkham

Morrison, apesar de eu não gostar muito de suas ideias, é um escritor muito bom. Ele é ótimo em construir sub-histórias e amarrá-las. E aqui ele usa o Batman para contar a história de Amadeus Arkham, fundador do Asilo Arkham.

Morrison tem um fetiche por coisas antigas. Mais precisamente, o carequinha adora ressuscitar em seus textos elementos de quando lia quadrinhos em sua infância/adolescência. Muitas vezes isso me irrita, principalmente por aquela época ter dado origem a muita merda. Mas não podemos tirar o mérito do escocês em lembrar-se de tantos detalhes obscuros de tantas personagens diferentes.

Amadeus é uma dessas personagens que apareceram e estavam lá esquecidas. Além de não fazerem muito sentido. Morrison por sua vez foi perspicaz. Além de desenterrar a personagem, criou uma história que liga as pontas soltas que existiam, não só dando sentido aos fatos incoerentes, como criando uma fabulosa história de loucura.

Perfeito! Morrison enriqueceu a mitologia do Cavaleiro das Trevas simplesmente pegando alguns fatos já existentes e trabalhando em cima deles.

E eu adoro histórias sobre loucura. É um tema que dá uma grande liberdade ao autor, que pode viajar a vontade, sem muitas restrições.

E a trama do Morrison faz isso muito bem. Com citações de Alice no País das Maravilhas, e abusando dos problemas psicológicos das personagens do universo do Batman. Tudo isso recheado com violência, e piadas fortes por parte do palhaço mais famoso dos quadrinhos.


Loucura! É disso que estamos falando.

A arte de McKean não é menos perturbadora que as frases do Coringa. Se seu estilo já era marcante em Orquídea Negra, em Asilo Arkham ele casa de maneira fantástica com a história. Pintura, desenho, colagens, montagens de símbolos e cores. Temos um trabalho que dá saudades daquela fase da Vertigo. Texto e arte numa combinação difícil de se encontrar.


McKean fez um trabalho fantástico nesta graphic

Mas nem tudo são flores, não é Panini?

Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo – Edição Definitiva é, definitivamente, uma piada da Panini. Capa dura e papel de qualidade, verdade, mas temos uma edição com aproximadamente 120 páginas de quadrinho e mais 100 páginas de extras, que em suma são apenas páginas em branco com o roteiro da história que você acabou de ler, algumas pouquíssimas notas do Morrison, e alguns poucos esboços reduzidos.

E vamos falar da diagramação. Não vou reclamar da limada que as frases do Coringa tiveram, graças a preguiça do diagramador, perdendo todo o estilo do original. Isso é ruim, mas passa. Agora, alguém me explica o motivo da fonte minúscula, abaixo da média de tamanho das fontes usadas em quadrinhos? Alguém me explica com alguém lança um quadrinho com letra minúscula, branca, sem nenhuma forma de contraste com o fundo claro quando não há balõezinhos? Sério, tem páginas em que você tem que adivinhar o que está escrito.


Comparação do letreamento. Fonte: http://www.universohq.com
Porra, Panini! Custava usar o mesmo letreamento que vocês já tinham usado na edição de 2003?


Comparação do letreamento. Fonte: http://www.universohq.com

Os extras porcos não seriam nenhum problema, e a diagramação seria engolível, se a Panini não tivesse inventado de roubar o consumidor na cara dura. Asilo Arkham e Orquídea Negra tem, basicamente, mesmo formato, mesmo acabamento e número de páginas (Arkham com alguma páginas inúteis a mais, Orquídea um pouco maior no formato). Mas Arkham é uma graphic novel do Batman, certo? Por que não cobrar o triplo do preço? Bom... foi isso que a Panini fez!


Isso é um teste para ver se sua visão anda bem, e se você é bom em adivinhar palavras!

Não há justificativa para a diferença de preço entre Orquídea e Asilo Arkham. Só me vem à mente que fãs do Batman comprariam de qualquer forma. R$60,00 quando outras inúmeras edições de características parecidas foram vendidas com preços na casa do R$20,00, não faz sentido


As páginas escuras são a história. As páginas claras são a história sem imagens.

E então, vale a pena?


Extras? Até tem. Estas páginas aí com todo o texto que você já leu...

Sinceramente, se você não for fanático por Batman e não tiver grana sobrando, não compre!

Leia a história, sim. Procure pelas edições antigas, da Abril ou da própria Panini em algum sebo. Só não colabore com essa sem-vergonhice da Panini.


Dados técnicos:

Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo – Edição definitiva
Capa dura
220 páginas
R$60,00
Panini


Onde ser assaltado:

Comix
Liga HQ!
Saraiva