Quadrinhos, ilustrações, tirinhas, textos.... enfim, arte. Um louco e suas loucuras.
Daniel Dias

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terça-feira, 26 de março de 2013

De volta aos anos 80

Orquídea Negra e Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo




Há mais ou menos um mês (um mês bastante conturbado na minha vida, o que fez com que este texto demorasse tanto pra sair) a Panini relançou duas obras do final dos anos 80. Orquídea Negra e Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo.

Ambas as obras publicadas pela DC Comics no final dos anos 80. Ambas escritas por escritores do Reino Unido. Ambas com arte de Dave McKean. Ambas com quase o mesmo número de páginas. Ambas pela primeira vez no Brasil em versão de luxo...

... Mas param por aí as coincidências. A Panini mais uma vez apronta das suas!


Capa das edições



Orquídea Negra


Orquídea Negra é uma das primeiras colaborações da dupla Gaiman/McKean, e obra de entrada de Gaiman na DC Comics, o que lhe garantiu depois a produção de Sandman, possivelmente sua melhor e mais famosa obra. A graphic novel foi originalmente publicada em três partes, e compilada algumas vezes. Agora em “Edição Definitiva”.


veja como vai ficar a lombada desta edição na sua estante


Orquídea Negra é uma personagem obscura do Universo DC. Não aparece em mais que alguns pares de edições, e não é lembrada pela maioria dos leitores. Foi o que Gaiman conseguiu para seu primeiro trabalho na DC. As personagens mais centrais ou potenciais do Universo DC ou já estavam em algum projeto com algum outro artista, ou a DC não queria confiar a um ilustre desconhecido (OK, não tão desconhecido, mas ainda uma incógnita para o mercado estadunidense).

Nasce então a oportunidade de Gaiman.

Orquídea Negra é uma personagem meio planta, com uma vasta variedade de superpoderes. Sua origem é recontada nesta graphic novel, e Gaiman dá um clima bem característico à trama.

Esta graphic novel tem aquele clima que marcou o início do selo Vertigo. Ler esta história traz aquela sensação de ler outras obras de sua época, como Sandman, por exemplo. É o tipo de obra, que consolidou o selo Vertigo, que infelizmente não se encontra facilmente hoje em dia.


Veja com é por dentro. Sentiu saudades da antiga Vertigo?

A trama abusa em desconstruir clichês. Certamente, ao ler pela primeira vez esta história, o leitor é surpreendido. No texto da introdução é citado que os leitores da época da publicação original da graphic novel acharam que a edição final não fosse a edição final, pela forma atípica da história.

Logo nas primeiras páginas, a Orquídea Negra original morre.  Seu captor e executor não hesita em lhe trazer uma morte certa, e lhe confessa, “Eu leio quadrinhos”.

A partir daí temos uma história que mostra a origem da Orquídea Negra, e suas sucessoras, em busca de compreender o que são e entender seu papel no mundo. No decorrer da trama, além de criminosos querendo eliminar vestígios de qualquer coisa que possa atrapalhar seus planos, ainda encontramos pessoas importantes do passado da Orquídea Negra original, pessoas queridas e relacionamentos complicados, numa trama que culmina em um final inesperado.

Há uma boa dose de violência, como os quadrinhos do gênero têm, mas que vai diminuindo ao passar da história. Uma espécie de contra clímax

É um conto intimista, melancólico, bem ao estilo Gaiman


bela arte de McKean

A arte de McKean também foge ao comum. O artista usa um estilo realista de retratar as personagens, mas não com um estilo preso. Apesar do realismo das figuras humanas, a páginas são concebidas de maneira marcante, com um estilo próprio, enfocando detalhes ou extrapolando a realidade, transmitindo a história não só de forma sequencial, mas de forma sensorial também. 




A edição da Panini traz, além da graphic novel completa, alguns extras, como cartas entre Gaiman e a editora da graphic, Karen Berger, esboços e algumas partes de versões preliminares do roteiro. A edição é bem feita, capa dura e papel especial nas páginas. E não é cara.




Para leitores que gostam de trabalhos do Gaiman e tem a mente aberta para obras que vão além do que os quadrinhos mainstream têm a oferecer, é leitura recomendada. Para quem não é tão aberto a experiências diferentes, fique longe.

Dados técnicos:

Orquídea Negra – Edição Definitiva
Capa dura
180 páginas
R$24,90
Panini


Onde comprar:

Saraiva



Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo

Asilo Arkham (chamarei a graphic novel assim para encurtar o texto, já que o nome é longo) é uma produção fantástica do carequinha escocês. Publicada originalmente em 1989, a história é sombria e violenta, explorando a mente das personagens. Curioso como no final dos anos 80 tantas obras são tão radicalmente contra o que era publicado nas revistas mensais de super-heróis.


verso das edições

A premissa da história não diferente de muitas que um leitor de Batman já tenha lido. Há uma rebelião no Arkham, e os internos exigem a presença do Morcego, caso contrário, azar dos reféns. Para salvar os reféns das mãos do Coringa, Batman aceita entrar no Arkham tomado por seus internos, onde é colocado em um jogo de esconde-esconde, em que ele tem que sobreviver.

A grande diferença é que Asilo Arkham não é uma história do Batman

Surpreso? 


lombada da edição Asilo Arkham

Morrison, apesar de eu não gostar muito de suas ideias, é um escritor muito bom. Ele é ótimo em construir sub-histórias e amarrá-las. E aqui ele usa o Batman para contar a história de Amadeus Arkham, fundador do Asilo Arkham.

Morrison tem um fetiche por coisas antigas. Mais precisamente, o carequinha adora ressuscitar em seus textos elementos de quando lia quadrinhos em sua infância/adolescência. Muitas vezes isso me irrita, principalmente por aquela época ter dado origem a muita merda. Mas não podemos tirar o mérito do escocês em lembrar-se de tantos detalhes obscuros de tantas personagens diferentes.

Amadeus é uma dessas personagens que apareceram e estavam lá esquecidas. Além de não fazerem muito sentido. Morrison por sua vez foi perspicaz. Além de desenterrar a personagem, criou uma história que liga as pontas soltas que existiam, não só dando sentido aos fatos incoerentes, como criando uma fabulosa história de loucura.

Perfeito! Morrison enriqueceu a mitologia do Cavaleiro das Trevas simplesmente pegando alguns fatos já existentes e trabalhando em cima deles.

E eu adoro histórias sobre loucura. É um tema que dá uma grande liberdade ao autor, que pode viajar a vontade, sem muitas restrições.

E a trama do Morrison faz isso muito bem. Com citações de Alice no País das Maravilhas, e abusando dos problemas psicológicos das personagens do universo do Batman. Tudo isso recheado com violência, e piadas fortes por parte do palhaço mais famoso dos quadrinhos.


Loucura! É disso que estamos falando.

A arte de McKean não é menos perturbadora que as frases do Coringa. Se seu estilo já era marcante em Orquídea Negra, em Asilo Arkham ele casa de maneira fantástica com a história. Pintura, desenho, colagens, montagens de símbolos e cores. Temos um trabalho que dá saudades daquela fase da Vertigo. Texto e arte numa combinação difícil de se encontrar.


McKean fez um trabalho fantástico nesta graphic

Mas nem tudo são flores, não é Panini?

Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo – Edição Definitiva é, definitivamente, uma piada da Panini. Capa dura e papel de qualidade, verdade, mas temos uma edição com aproximadamente 120 páginas de quadrinho e mais 100 páginas de extras, que em suma são apenas páginas em branco com o roteiro da história que você acabou de ler, algumas pouquíssimas notas do Morrison, e alguns poucos esboços reduzidos.

E vamos falar da diagramação. Não vou reclamar da limada que as frases do Coringa tiveram, graças a preguiça do diagramador, perdendo todo o estilo do original. Isso é ruim, mas passa. Agora, alguém me explica o motivo da fonte minúscula, abaixo da média de tamanho das fontes usadas em quadrinhos? Alguém me explica com alguém lança um quadrinho com letra minúscula, branca, sem nenhuma forma de contraste com o fundo claro quando não há balõezinhos? Sério, tem páginas em que você tem que adivinhar o que está escrito.


Comparação do letreamento. Fonte: http://www.universohq.com
Porra, Panini! Custava usar o mesmo letreamento que vocês já tinham usado na edição de 2003?


Comparação do letreamento. Fonte: http://www.universohq.com

Os extras porcos não seriam nenhum problema, e a diagramação seria engolível, se a Panini não tivesse inventado de roubar o consumidor na cara dura. Asilo Arkham e Orquídea Negra tem, basicamente, mesmo formato, mesmo acabamento e número de páginas (Arkham com alguma páginas inúteis a mais, Orquídea um pouco maior no formato). Mas Arkham é uma graphic novel do Batman, certo? Por que não cobrar o triplo do preço? Bom... foi isso que a Panini fez!


Isso é um teste para ver se sua visão anda bem, e se você é bom em adivinhar palavras!

Não há justificativa para a diferença de preço entre Orquídea e Asilo Arkham. Só me vem à mente que fãs do Batman comprariam de qualquer forma. R$60,00 quando outras inúmeras edições de características parecidas foram vendidas com preços na casa do R$20,00, não faz sentido


As páginas escuras são a história. As páginas claras são a história sem imagens.

E então, vale a pena?


Extras? Até tem. Estas páginas aí com todo o texto que você já leu...

Sinceramente, se você não for fanático por Batman e não tiver grana sobrando, não compre!

Leia a história, sim. Procure pelas edições antigas, da Abril ou da própria Panini em algum sebo. Só não colabore com essa sem-vergonhice da Panini.


Dados técnicos:

Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo – Edição definitiva
Capa dura
220 páginas
R$60,00
Panini


Onde ser assaltado:

Comix
Liga HQ!
Saraiva


domingo, 10 de março de 2013

Work in Progress...

clique para ampliar

Muito tempo sem atualizar...

Infelizmente tenho passado por alguns problemas, o que me deixou afastado dos meus projetos. Essa ilustração mesmo, comecei há umas três semanas, e só agora tive como dar mais uns retoques. O fanzine também está parado, mas ele é o foco agora. Espero conseguir conciliar os problemas de forma a poder continuar sempre com material novo.

Sobre a ilustração, é a segunda ilustração que faço diretamente em meio digital. Mas é a primeira com este nível de detalhe. Sofri um bocado por não dispor dos equipamentos decentes. Agora faltam as cores, outro desafio.

Espero terminar logo a ilustração, e o fanzine pra ontem. Esta semana também deve sair análise dos encadernados Orquídea Negra e Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo