Quadrinhos, ilustrações, tirinhas, textos.... enfim, arte. Um louco e suas loucuras.
Daniel Dias

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Não matarás!


A segunda temporada de Arrow começou, e pra ser sincero, fiquei mais triste que feliz ao final do primeiro episódio.


Quando se fala em comics a primeira coisa que se vem à mente são super-heróis. A maioria dos títulos mais famosos são de superseres usando fantasias. É compreensível que neste meio reine uma visão maniqueísta, ou, pelo menos, uma moral inabalável por parte das personagens. Não queremos ver o poder concentrado. Não queremos ver alguém superpoderoso sendo juiz, juri e executor. É poder demais nas mãos de alguém. Se este alguém não tiver uma moral inabalável, o que esperar? Teríamos ditadores, tiranos. Seríamos vermes nas mãos de deuses. Que pelo menos estes deuses sejam bondosos e misericordiosos, infalíveis, em quem possamos confiar.

Eu entendo, baseado neste contexto, que nos quadrinhos o Arqueiro Verde consiga, independente da situação, não cruzar a rígida linha moral que seus status de herói exige. Além do mais, o universo dos quadrinhos já é fantasioso o suficiente para que tais imposições não pareçam impossíveis. E eles não pretendem ser realistas. Este é um universo em que o leitor sabe de antemão o que esperar. Sabe que haverá excessos. Sabe que muitas vezes a complexidade da vida pode ser reduzida a situações simplistas. E sabe que não está sendo enganado. A proposta é essa mesmo.

Por isso, minha primeira reação ao anúncio da série Arrow foi de ceticismo. Um cara soltando flechas com luvas de boxe verde na ponta, enquanto pula entre prédios, não dá pra ser levado a sério numa série de TV. Pelo menos não garantiria um investimento alto por parte da Warner.

Mas dei o benefício da dúvida.

Quando assisti o primeiro episódio da primeira temporada, foi uma grande surpresa. Vários easter-eggs, uso de boas referências dos quadrinhos, e uma abordagem muito boa da personagem. Tem um gostinho de Batman a série [o que reforça o boato de que a ideia original seria fazer uma série do Morcego, o que a Warner vetou]. E o melhor momento, aquele que me fez ter fé na série, quando Oliver mata um dos capangas.

Sim! Aquilo foi uma prova de que coisas boas estavam por vir. Por quê? Por que adoro carnificina? Não. Porque faz sentido. É consistente com a desenvolvimento da história, com o desenvolvimento da personagem. Como esperar que, não importe o quão absurda a situação esteja, um cara carregado até os dentes de armamento letal nunca vá matar ninguém?

Oliver vageava na gama cinza do espectro moral, que não era mais preto ou branco.

E tinha de ser assim. A construção da personagem e das situações exigia isso. Ações e suas consequências. Decisões por vezes difíceis e amargas.

Mas o primeiro episódio da segunda temporada veio jogar um balde de água fria nessa mecânica.

A série fez sucesso. E o sucesso também traz coisas ruins.

A Warner, se aproveitando do sucesso da série, certamente está armando as condições necessárias para expandir o universo "Arrow" para um "Universo DC" de séries.

Mas para isso não pode haver mortes.

É aceitável que Oliver mate em certas situações, mas como seria a convivência em um mesmo universo de um encapuzado "assassino" como um Superman? Não há possibilidade de tal parceria.

Então, se o Superman pode "aprender que é errado matar depois de ter tirado a vida do Zod", por que não apresentar a redenção de nosso arqueiro?

Bom, é cedo para atirar pedras ou tirar conclusões. Vamos acompanhar o que vem pela frente na série.


P.S.: Claro que não poderia dar certo a relação entre Oliver e Dinah, a série exige complicações para se arrastar mais. E, claro, é necessário uma tensão sexual para agradar os telespectadores [estou falando de você Felicity].